Levanto, ando até o terraço e aprecio a vista. Todos os dias.

Hoje não foi diferente e pensei “caramba, não consigo me acostumar com o que vejo! Será mesmo real eu estar vivendo nesse lugar?” É tão mágico que parece um sonho. Não sei se poderei descrever o que a vista e o terraço me proporcionam a cada novo dia.

A imensidão azul do rio que desemboca no oceano, as aves voando e tagarelando, o sol, o vento, a neblina, o zumbido da ponte 25 de abril, as crianças na escola, as trocas de estação, o banho de sol do cão, o espaço de descompressão, a yoga, o vinho, as estrelas (incluindo as cadentes), os satélites do Elon Musk, a chuva de trovões histórica, a cidade em “silêncio”, as gaivotas – ah, as gaivotas! – os dias de verão, as noites de verão, o sol se pondo, a lua nascendo, amigos dançando, os planos se desenvolvendo…

Quanto vale tudo isso e mais o que eu esqueci de mencionar? Não sei. Mas teve um preço chegar até aqui. A começar por uma dolorosa separação, que aliás foi o ponto chave para descobrirmos esse lugar, nosso camarote de Lisboa. Foram muitas lágrimas e dois corações partidos para enfim merecer o grande terraço com vista. Por isso eu acredito tanto em cada evento que me acontece, nada é por acaso, nada mesmo. Eu valorizo toda e qualquer situação da minha vida, pois sei que no momento seguinte a vida vai me surpreender, para o bem ou para o mal. Isso é viver!

Eu ainda não acredito que eu moro aqui e que tenho esse privilégio à vista dos olhos, e da pele, e dos ouvidos e do nariz, e da alma. Mas sei que alguma coisa eu fiz para merecer isso, o que faz eu não me lamentar hoje por eventuais coisas ruins que estejam acontecendo. Não me sinto no direito de ficar triste. E quando isso acontece eu ando até o terraço e aprecio a vista. Respiro fundo e sorrio.

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