Mulher

Pelo direito de ser mãe, ou não

Hoje é dia das Mães em Portugal, domingo que vem será no Brasil. Achei um momento oportuno para defender o meu direito de ser mãe de pet. Antes de lançar julgamentos, leiam a minha explicação, por favor.

Começo por uma pauta extremamente importante: eu não quero ser mãe biológica de um ser – levei uns 40 anos para entender isso. Pois é, eu não quero, estou no meu direito de não querer e acredito que pelos mesmos motivos que diversas mulheres usam ao declarar não existir mãe de pet.

Eu não quero ter ninguém dependente de mim 24h, não quero ter leite dos meus seios sujando a minha roupa e nem vômito nos meus cabelos, não quero passar noites mal dormidas, programar as minhas férias em função de alguém, não quero me sentir presa e nem deixar de lado o meu lado mulher por algum tempo. Não quero ter que deixar de fazer coisas das quais eu gostaria, passar por conflitos com outra pessoa sobre como ser pai e mãe, discutir a igualdade de tarefas e responsabilidades, ter a obrigação de cuidar e entreter um outro ser por horas, dias e anos, entre tantas outras coisas…

Ao passo que, eu não sinto necessidade e nem falta de ter um amor de mãe e filho, de ter alguém com os meus traços e que me proporcione experiências familiares incríveis. Não desejo deixar um legado do meu DNA, nem ter alguém que me visite e cuide quando eu ficar idosa. Quero evoluir pessoalmente com outras experiências, deixar uma diferente contribuição ao mundo. Simplesmente não é o meu sonho/desejo ser verdadeiramente mãe de ninguém e não sou obrigada.

Só que existe uma coisa que independe de mim, de você e de qualquer pessoa: o instituto maternal inerente ao ser mulher. Ele existe, ele é latente, ele já me fez querer gestar um bebê. Mas, o que aconteceu é que eu canalizei esse sentimento para o meu cão. Eu olho para o Mylo e sinto amor maternal, cuidado, zelo, sou responsável por ele e tudo mais. Um amor imenso e incondicional, que eu sinto que é recíproco. Claro que é diferente de ter um filho humano, isso é óbvio e nem quero discutir sobre isso.

A questão é, a relação entre mim e o Mylo é exclusivamente nossa. Ninguém pode nos tirar isso, inclusive o meu instinto maternal. Eu não preciso engravidar para sentir isso (nem eu e nem mulher alguma). Que me desculpem as ofendidas. Eu realmente admiro demais todas vocês que encaram essa jornada de colocar um filho no mundo, mesmo. Porque eu tenho plena consciência do quão desafiadora ela é – apesar de gratificante. Definitivamente não é para qualquer um e nem para mim. Fim.

Feliz dia das mães para todes que se sentem mães!

Paz ✌🏼

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